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O Fim se Aproxima

  • 6/11/2018

O fim se aproxima

Por Inácio de Jesus –ARF

 

Pela cronologia de Ussher, o mundo deveria ter acabado ontem. (Estou escrevendo este texto no dia 24 de outubro.) Isto não é uma piada. Há milhares de pessoas, inclusive em nosso meio, que crêem que o mundo foi criado no dia 23 de outubro de 4004 a.C., às 17 horas, horário de Greenwich, e que sua duração deveria ser de 6.000 anos, terminando em 23 de outubro de 1996. Após esses 6 dias de mil anos, o sétimo seria um milênio de descanso.

Os cálculos do arcebispo irlandês (que viveu entre 1581 e 1656) falharam porque o fim do mundo ou, no caso, a volta de Jesus, não se resume a uma questão de matemática. É verdade que assim “como as estrelas no vasto circuito de sua indicada órbita, os desígnios de Deus não conhecem adiantamento nem tardança”. _ O Desejado de Todas as Nações, pág. 32. Também não há dúvida de que Daniel 9:24-27 indicou o tempo exato da primeira vinda de Jesus. Mas a respeito de Sua segunda vinda afirmou Jesus que “o dia e a hora ninguém sabe” (Mat. 24:36).

Se a cronologia não serve para definir quão perto estamos da volta de Cristo, talvez a geografia ajude; é o que pensam os que tomam Mateus 24:14 ao pé da letra e ficam somando quantos países possuem presença adventista e quantos são os ainda não penetrados. Ao contrário do grupo anterior, marcado por certo determinismo, os que exageram no argumento demográfico colocam muito peso na capacidade da Igreja para antecipar ou retardar a volta de Jesus.

Há ainda os que relacionam o fim com um certo argumento sociológico, ou seja, Cristo está na dependência da união das igrejas, da alteração na constituição americana ou de outros fatos políticos.

Em todos os casos, parece que há muito mais uma ânsia por adivinhar, prever, visualizar os “últimos dias”. Ora, os últimos dias começaram tecnicamente com a primeira vinda de Cristo e incluem toda a era cristã!

Na ocasião em que os discípulos insistiram no “quando”, querendo um sinal (Mat. 24 e 25), Jesus lhes deu vários indícios, só que nenhum específico; além disso, misturou os que se referiam à destruição de Jerusalém com os de Sua segunda vinda, e ainda chamou isso de “princípio das dores”, não de fim. A única vez, em todo o capítulo 24 de Mateus, que Jesus utilizou a palavra “sinal” foi no verso 30, para Se referir ao próprio fato da Sua volta, e não a uma antecipação. Portanto, para Cristo, o verdadeiro sinal não é um lembrete ou convite para o evento, mas a abertura do próprio evento.

Também é importante notar que o quinto e último dos grandes sermões de Cristo, a respeito da Sua segunda vinda e o juízo, inclui os capítulos 24 e 25 de Mateus. Então, não se deve tirar conclusões do capítulo 24 sem considerar o 25. E, se o 24 propositadamente não deixa claro o “quando”, o 25 não deixa dúvidas a respeito do “como” aguardar a volta de Jesus. VIGIAI, essa foi a grande e única resposta de Cristo, que sintetiza o “quando” e o “como”.

Porventura, Mateus 24 diminui de importância por não apresentar sinais inequívocos, os marcos escatológicos no desenrolar do tempo profético? De forma alguma. Quando Cristo misturou os dois eventos futuros, para os discípulos ou para os que viveram na ocasião da destruição de Jerusalém foi um consolo ouvir que “logo em seguida à tribulação daqueles dias ... aparecerá o sinal do Filho do homem ... e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens” (versos 29 e 30).

O Comentário Bíblico Adventista afirma: “A expectativa constante da vinda do Senhor é a atitude mental que Cristo ordenou em Suas advertências. ... Essa expectativa tem sido condicionada, desde o princípio, ao conselho de ‘o dia e a hora ninguém sabe’.” E o Comentário conclui: “É indispensável que cada crente experimente sentimento contínuo e vital da brevidade do tempo e da iminência do retorno de Cristo.” _ SDABC, vol. 6, pág. 625, edição em espanhol.

Essa mistura de incentivos e advertências, que alimenta a esperança e a expectativa, ao mesmo tempo que mostra a necessidade da preparação contínua e crescente, é um importante componente da vida cristã e marca especial do adventismo.

O fim se aproxima. Essa é a linguagem da Bíblia (ver I Cor. 7:29, Heb. 10:25 e 37; I Ped. 4:7). “Aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mat. 24:13). Essa perseverança combina com fé e obediência (Apoc. 14:12), mas não pode se apoiar em calendários, cálculos, fatos políticos, estimativas de níveis de santificação da igreja, nem nada que represente uma tentativa de “descobrir” aquilo que a soberania divina reservou, tendo em vista seguramente o nosso benefício.

O fim se aproxima. “Vem, Senhor Jesus” (Apoc. 22:20).

 

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